sábado, 10 de setembro de 2011

LIMBO

Estou dando inicio a um conto que escreverei em partes, tenho a ideia deste conto já há algum tempo e não sabia como inicia-lo e hoje apresento a vocês a primeira parte. Divirtam-se.


LIMBO - 1º PARTE:

Seus olhos não transpareciam a calma que seu corpo tentava demonstrar. Não entendia o que lhe acontecera. Quanto tempo perderá ali deitado, com o rosto sobre a privada? Uma enorme dor de cabeça o acordara. Não era enganado por seus sentidos: estava vivo. Mas aquele lugar: parecia o purgatório. Sua última lembrança: “uma noitada com muita bebida na melhor boate de Recife”. Após entrar no banheiro uma nuvem negra lhe cobriu os olhos. Não sabe por quanto tempo ficou ali, caído sobre a privada. Um pequeno fio de sangue descia por sobre sua boca. Mas não havia dor. Funcionava como analgésico em sua alma o ar desolado e esquecido no tempo daquele banheiro. O silêncio lhe era muito mais doloroso, num lugar para o qual não existia espaço para músicas amplificadas por milhares de caixas de som espalhadas pela boate. As cores não estavam mais presentes ali, era de uma cinza que contaminava a alma, um ambiente ausente de vida.
Seus olhos não se adaptavam ao ambiente, era um estranho, preso em um mundo que a cada segundo parava no tempo. Um leve rodopiar da cabeça quando tentou levantar-se fez com que segurasse nas paredes laterais de compensado. Sentiu uma dolorosa contração em seu estômago, uma luta contra aquele ambiente hostil, uma tentativa de expurgar aquele feitiço que apoderava sua alma, mas era impossível, pois não havia nada em seu estômago, apenas dor. Tentou vencer, pois ficar ali mais tempo era se integrar àquele ambiente, eternamente esquecido no tempo e de quem era.
Superando toda a dor que se espalhava por seu corpo, saiu caminhando, de forma que quem o visse de longe certamente diria: “está embriagado”. À medida que passava do banheiro para o salão de festa, a dor se aprofundava por sua alma. Era como ser consumido pela ausência de vida em todo o ambiente.
Não estavam ali dezenas de jovens, que como ele, pulavam cheios de vida. Talvez ascenderam ao paraíso e deixaram-no para carregar todos os pecados cometeram. O peso, cada vez maior e a porta de saída, cada vez mais perto, mas a cada passo, sentia-se incapaz de concluir o percurso.
Diante da porta, cambaleou e uma enorme nuvem negra desceu por sobre sua cabeça, não seria mais dono de si. Com um grito por liberdade vindo da profundeza de sua alma, cruzou a pequena distancia que lhe faltava: saiu da boate e exorcizou, por enquanto, o peso do purgatório.
(CONTINUA)

2 comentários:

  1. Ei, Rodrigo, conto em parte é covardia...
    Muito legal o começo, mas, por favor, vai logo com o resto que estou curiosa. rsrs...

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  2. Pretérito-mais-que-perfeito: perdera.
    Futuro: perderá.
    Tenho a impressão q vc quis usar a primeira opção.
    Noto isso no outro conto tbm.
    Aguardo cenas dos próximos capítulos!
    :*

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