quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Homenagem ao cadáver

pequena homenagem que escrevi ao cadaver que deveria sair no convite para formatura do curso de medicina de 2006:

"Nunca te invejei, mas sempre te respeitei.
No silêncio encaramos pela primeira vez a imaturidade e a partir deste encontro através de seus olhos enxerguei um mundo diferente do meu, cercado por formol, podendo ver não só o seu sofrimento, mas os de uma sociedade a margem.
Ao contato com sua pele, vi o quanto sou frágil e perecível.
Quantas vezes nossos olhos se cruzaram e não nos demos valor?
E agora sem a essência que ti fez homem, passaste a ser reconhecido. Lugar merecido? Não quando vivo.
Obrigado por me tornar alguém maduro."

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

PASSANDO O TEMPO

Desculpe meu riso sincero.
A noite chegou,
após não dizer adeus,
quando menos esperava.
E não percebo mais,
a escuridão cobre
as feridas que deixou.

Não lamente, nem chore,
pois suas lagrimas
não conseguirão germinar
o solo infertil
que com suas palavras salgou.
Perdão não brotará em palavras
aonde agora só habitam
os fantasmas do passado
vorazes em devorar a felicidade.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

TÉDIO

Não que fosse algo excepcional, mas talvez ter lembrado de ligar para ela após uma noite de balada pudesse render algo. Não que estivesse interrasado, mas tirando o fato de que já se passara quase uma semana após aquela noite em que ficaram bebendo e conversando, ele não tinha melhor opção, estava fadado a mais um fim de semana em casa de frente para televisão. Então resolvera arriscar.
Pior não poderia ficar. Não era nenhum galã, mas acreditava ter seu charme. Tudo bem que aquela noite foi diferente, fora do costume, geralmente sobrio não era bom em conversar com garotas (e hoje ele estava bem sobrio, raramente bebia, não era grande coisa a mesada que ganhava, então economizava quase um mês para poder sair e tirar onda de boy na noite, sempre deixava um troco pro motel, quando não sobrava, bem, não se incomodava de ter que usar o fundo do carro do pai).
Nada interessante, pra fazer. Teria que ser breve, estava quase sem credito no celular. Torcia para que ela fosse tão fácil de comvencer quanto tinha sido na festa. Lembrava-se bem, não havia gasto muita saliva com conversa e sua mão direita já repousava sobre seu seio esquerdo, e sobre o que cpnversaram mesmo? não importava, nestas horas a conversa era o que menos tinha valor, o que importava era o objetivo. Não, ela não era de forma alguma passiva e muito menos inocente. Não, naquela noite talvez fosse aquilo que ela queria, e por um momento se questionou, quem estava manipulando quem, era como que ela o conduzisse a toca-la, a fazer o que ela deseja e ele era apenas conduzido por aqueles olhos sedutores distantes. mas o sorriso, transparecia a malicia que ia além de sua idade, como todas as mulheres corpo jovem mas a mente velha, pensando em todas aquelas besteras que só elas acreditam e o pior que algumas sabem tornar estes sonhos realidade, sabem enfeitiçar um homem e quando este menos espera casamento, casa, filhos e alguns quilos a mais e a velha rotina.
Não, não cairia nesta armadilha! Não estava mais embreagado e estava longe o suficiente de seus encantos para que tivesse este trágico fim. Desistiu, talvez ficar mais um fim de semana em casa em frente a televisão oferecesse menos riscos do que ir a um encontro fatal.