quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Homenagem ao cadáver

pequena homenagem que escrevi ao cadaver que deveria sair no convite para formatura do curso de medicina de 2006:

"Nunca te invejei, mas sempre te respeitei.
No silêncio encaramos pela primeira vez a imaturidade e a partir deste encontro através de seus olhos enxerguei um mundo diferente do meu, cercado por formol, podendo ver não só o seu sofrimento, mas os de uma sociedade a margem.
Ao contato com sua pele, vi o quanto sou frágil e perecível.
Quantas vezes nossos olhos se cruzaram e não nos demos valor?
E agora sem a essência que ti fez homem, passaste a ser reconhecido. Lugar merecido? Não quando vivo.
Obrigado por me tornar alguém maduro."

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