Estava deitado sobre a cama
esperando que algo acontecesse, mas as coisas pareciam como sempre: imutáveis. O
silêncio era prova disto.
Tentava sorrir, mas se alguém
pudesse vê-lo, perceberia no máximo os espasmos dos músculos de sua face
tentando se contrair.
Sua visão panorâmica era
pequena, e até onde podia ver, uma luz fraca se misturava ao branco da parede.
Deixava as pálpebras pesadas
tombarem uma sobre a outra, lançando-o em um mundo de trevas. Tentava se
lembrar de sua vida antes de tudo aquilo, mas as cores não mudavam em sua
mente, não existia um único som, uma única brisa de seu passado.
As vezes era difícil acreditar
em sua própria existência. Poderia ser um erro, um rabisco, um rascunho, algo
inacabado, esquecido por algum ser superior em algumas das muitas gavetas do
universo.
Como pode existir, se não
pode compartilhar desta existência com outro semelhante (ironia, pois alguém semelhante
a ele seria incapaz de dividir destas experiências).
Não existiam sombras, nada
que sugerisse algo a mais do que ele.
E no escuro de seus
pensamentos não existiam estrelas que iluminassem seu passado.
Então só lhe restava
esperar, impacientemente a conclusão ou talvez fosse isto uma punição.