quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

FLASHBACK de 24 anos atrás!

Depois da novela "Carrossel",
Um novo flahsback.
Uma história que escrevi há aproximadamente 24 anos atrás, quando tinha entre 6 e 8 anos. Um conto que surpreendeu na época todos os meus coleguinhas de sala, que talvez não esperassem algo assim de mim.
Leiam como uma criança entre 6 e 8 anos e talvez tenham o mesmo espanto e surpresa que meus colegas de sala.
O conteúdo está intocado, apenas ajustado para linguagem atual, afinal hoje tenho 31 anos, mas a história em si é a mesma.

“Deitei a cama como todas as crianças de minha idade. Após um cheiro na testa e um desejo de boa noite, as lâmpadas eram apagadas e as portas fechadas. No escuro e no silêncio quase total, envoltos em um confortável lençol, quase todas as crianças dormiam e só tornavam a acordar no dia seguinte com o Sol batendo diretamente em seus rostos.
Comigo a rotina não foi diferente. Era restaurador todo aquele silêncio e escuridão. Mas havia algo distante, que perturbava meu sono. Não sei definir ao certo, mas aquela noite haveria de ser diferente.
A sensação de cair e de repente ser amparado, uma desaceleração brusca, me fez despertar.  Um espasmo no corpo, estendi os braços como para buscar espaço e esbarrei em algo macio e respirei profundamente o cheiro de terra molhada e percebi angustiado que havia sido jogado enquanto dormia dentro de uma cova profunda.
Levantei e me precipitei para o lado de fora do que parecia uma cova, segurando na enorme parede de areia que caia sobre mim e sujava meu pijama.
Uma fúnebre música ecoava por todo lugar, e a distância podia identificar um velho coreto, iluminado por uma luz bruxuleante, talvez alguma vela. Não ousei olhar para o lado, o pouco que via era suficiente para saber com exatidão onde estava e com certeza ali não era meu lugar, não em um cemitério. Crianças com minha idade nunca deveriam estar ali, muito menos jogadas em um buraco, esquecidas.
À medida que me aproximava do coreto a sinfonia ficava mais intensa, e uma tristeza invadia minha alma e era como se ela fosse convidada a um passeio: “Entrem na carruagem para um lindo passeio, mas antes por favor, deixem seus corpos pendurados neste imenso cabide.”
O maestro vestia um enorme manto que lhe cobria quase todo corpo, vendo-o pelas costas percebi uma enorme cabeleira branca que lhe caia sobre os ombros. Talvez, quem sabe, ele pudesse me ajudar a sair deste lugar.
- Senhor, estou perdido, como faço para sair daqui? Preciso ir para casa. Meus pais devem estar preocupados.
Ao ouvir minha voz, o maestro suspendeu a música e percebi que de certa forma eu o havia interrompido em um momento inoportuno. Pude perceber pela maneira como depositou a batuta ao lado do corpo. A mão que estava livre passou lentamente por entre os cabelos grisalhos, e percebi que mechas enormes caiam à medida que os acariciava e pude ver nitidamente sua pele branca como marfim.
Tentei me aproximar, mas algo como instinto me dizia para se distanciar. Quando pensei em novamente falar algo, a figura pareceu se elevar uns 30 centímetros do chão e virar-se quase fantasmagoricamente para meu lado e senti seus olhos vazios me fitarem, em vez de um rosto, era um enorme crânio sorridente que me fitava. Mesmo uma criança como eu sabia quem ele era, o maestro que regia a vida esperando o momento do grande final, um dos quatro cavaleiros do apocalipse: a Morte.
Elevou a batuta sobre a cabeça e com um giro circular, vi a batuta crescer em tamanho e adquirir um brilho metálico em sua ponta, se não tivesse tropeçado em algo, a fria lamina de uma enorme foice teria me decepado a cabeça.
Rastejando, sentindo a presença malévola me seguindo consegui chegar aonde todo este pesadelo havia começado e sobre uma lápide iluminada pela luz do luar pude ver claramente meu nome escrito nela e a frase: “da vida não levou nada. Deixou para trás saudades e tristeza.”
Ao tentar me recompor e levantar-me, senti o chão sob minhas mãos sumirem, e junto com a terra que despencava, senti meu corpo tombar mais uma vez e  desta vez percebi sobre o que cai. Era um caixão de ceda branco, bem alcochoado, tentei respirar, mas aquele cheiro de terra tornava tudo mais difícil.
Senti uma risada as minhas costas, não deveria me virar, mas mesmo assim me senti como impelido a fazer isto.
Lá estava ela a Morte a me fitar, com sua foice brilhando por sobre sua cabeça, envolta na enorme Lua branca que atingia seu ponto máximo no céu. Só tive tempo de gritar e tentar me proteger cobrindo com os braços meu rosto.
Fiquei alguns segundos nesta posição. Sentia a respiração ofegante e apenas agora sentia meu coração palpitar em meu peito. Uma pequena luz apareceu diante de mim, a voz que vinha por ela era extremamente familiar, era a voz de minha mãe. Ainda estava vivo e tudo não passara de um pesadelo.”

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Enquanto você for
Simplesmente flor
Não tereis Amor
Só pra ti.
Em um jardim
Onde todas
São flores, 
Não seja mais uma,
Bela apenas na Primavera.
O que você for,
Não seja só mais uma flor,
Seja um jardim de sonhos
Sinceros, um lago translúcido,
E só assim eu ti veja,
Flor entre tantas outras,
E quem sabe possa dizer:
"Realmente, como é bela
Aquela flor!"

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O que esperar
Quando abrir 
A porta
E mais uma vez
Descobrir
O espaço vazio
Do meu quarto?
O pequeno cobertor
Jogado ao pé
Da cama,
Em quem deitamos
E lembrar que agora
O calor sobre ela
É apenas lembrança
De uma noite com Amor.
Talvez fosse um sonho,
Talvez não,
Afinal seu batom
Ainda tingia a fronha
Do travesseiro
Que seus lábios 
Tocaram, sem perceber,
Enquanto brincávamos
Que por um segundo
Naquela quarto 
Tínhamos todo o mundo.