terça-feira, 18 de setembro de 2012

PARADGMA

- Como tem certeza de que foi novamente um sonho?
- Simplismente tenho esta certeza.
- Mas o que ti dá esta certeza? Tudo escuro, você não vê nada. O silêncio é absoluto, você não escutada nada. Seu corpo não transmite nenhuma sensação tatil, mas mesmo assim você insiste que este enorme vazio que preenche sua mente pode ser chamado de sonho?
- Sim. Sinto a angustia de ser um recipiente aonde meus pensamentos estão confinados. Não consigo interagir com o ambiente e muito menos o ambiente consegue interagir comigo.
- E mesmo assim, insiste em chamar este estado de sonho? Eu chamaria de pesadelo.
- Como queira.

(...)

Os carros eram cada vez mais númerosos. A quantidade de homens e mulheres também. Talvez isto justificasse esta monotonia de aparências. Todos, sem excessão, poderiam ser enquadrados em um grupos. E estes grupos, ao contrário da infinidade de pessoas que se multiplicam como uma bactéria em um corpo em putrefação, poderiam ser contados com os dedos das mãos.
Ficou parado esquecido do sinal de trânsito a sua frente. Observava cada um que passava, e ao identificar a que grupo pertencia, era como conhece a vida de cada indivíduo.
Suspirou, pois sabia que sua vida talvez fosse assim. A que grupo pertencia mesmo? ah, sim, ele era um pobre trabalhador, pai de familia, que acordava todos os dias cedo e voltava ao fim do dia para casa, sua esposa o esperava e sua pequena filha estaria distraida vendo alguma bestera na televisão.

(...)

- Como tem certeza de que foi novamente um sonho?
- Simplismente tenho esta certeza, desta vez, maior do que as anteriores.
- Explique.
- Um ruído, uma estática, algo parecido. Eu consegui ouvir, distante mas escutei. Era como uma estática e parecia que interajiamos, quanto mais angustiado eu ficava, mais intensa e freqüente ela ficava.

(...)

- Ola querida! como foi o dia?

(...)

- Como tem certeza de que foi novamente um sonho?
- Ela estava lá.
- Quem?
- Minha mulher.

(...)

- Sabe que ti amo. Não precisar fazer biquinho porque esqueci nosso aniversário de casamento.
Os olhos dela reluziram, uma oportunidade de conseguir o que bem desejasse.
- Ok, tudo bem. Já entendi. Sei como me redemir. Por que não coloca nossa filha para dormir e saimos para jantar naquele restaurante que você tanto gosta.
- Eu também ti amo. E pode desligar o telefone, a baba dela está fazendo hora extra, não precisa falar com seus pais para virem cuidar dela.

(...)

- Como tem certeza de que foi novamente um sonho?
- Não tenho mais certeza de que era só um sonho.
- Não entendi.
- As lagrimas, o sofrimento e principalmente a raíva, eram tão reais.

(...)

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